quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A Origem dos Testes de Inteligência



O movimento que deu origem aos testes de inteligência se iniciou com o trabalho do psicólogo francês Alfred Binet (1857- 1911). Seus estudos foram motivados por uma lei do governo francês que exigia o ingresso de todas as crianças nas escolas. Com essa nova situação os professores se depararam com uma enorme quantidade de diferenças pessoais. Algumas crianças pareciam ao olhar dos professores incapazes de aprender e outras eram muito mais lentas do que a maioria. Para minimizar as tendenciosidades do julgamento, Binet e outros foram encarregados de desenvolver um instrumento objetivo que pudesse identificar as crianças propensas a terem dificuldades acadêmicas.

Para Binet todas as crianças seguiam o mesmo curso de desenvolvimento, porém algumas mais rápido do que outras. Crianças denominadas por ele “estúpidas” estariam simplesmente atrasadas em seu desenvolvimento, assim em seus testes essas crianças deveriam funcionar como uma criança mais jovem típica. Embasado nessa teoria, foi elaborada uma medida que veio a ser denominada Idade Mental. Uma criança normal teria sua idade cronológica igual a sua idade mental. Para essa mensuração Binet desenvolveu uma série de questões que poderiam prever o rendimento escolar.

Binet e sua equipe não fizeram suposições sobre a razão pela qual uma criança em particular poderia ser mais lenta ou precoce. Ao invés disso adotaram uma explicação ambiental para o fenômeno. Segundo o mesmo as crianças atrasadas deveriam receber “fisioterapia mental”, ou seja, deveriam ser estimuladas a desenvolver suas habilidades.

Em 1911, Lewis Terman tentou usar o teste de Binet, entretanto descobriu que as normas para a idade mental desenvolvidas na frança não se aplicavam as crianças americanas. Terman modificou o instrumento e estendeu o seu limite de idade para avaliação. Este revisão recebeu o nome até hoje conservado de Standford-Binet.

A partir desses testes o alemão William Stern criou o Quociente de Inteligência, QI. O QI de Stern nada mais era do que a idade mental dividida pela idade cronológica multiplicada por 100. Dessa forma crianças normais, com idades cronológicas e mentais iguais tinham o QI igual a 100.

A maioria dos testes atuais para inteligência não utiliza mais o QI em sua formula original. Entretanto os testes atuais definem os escores de forma que 100 é a média, sendo que dois terços das pessoas estão situadas entre 85 e 115. É notório que mesmo não existindo um quociente de inteligência, o termo QI é amplamente utilizado com uma forma de expressão abreviada para teste de inteligência.

Referências

Myers D. Psicologia. Holland, Michigan. LTC.,2006. p. 308-310
Primi R. Inteligência: Avanços nos modelos teóricos e nos instrumento de medida. Avaliação Psicológica, 2003,1,pp. 66-77

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Inteligência


O termo inteligência é amplamente utilizado em vários contextos, porém seus significados são variáveis. Podemos utilizar o termo inteligência para nos referirmos à capacidade mental natural de um individuo, um nível de desempenho intelectual atingível, uma qualidade, entre outros. Inteligência é um conceito socialmente construído, no qual culturas diferentes julgam inteligente qualquer fator que facilite o sucesso. Em nossa cultura esse termo representa uma performance superior em tarefas cognitivas. Segundo alguns especialistas a inteligência não é um constructo único, e sim a habilidade de aprender a partir de uma experiência, resolver problemas e usar o conhecimento para se adaptar a uma nova situação. Sendo assim devemos tomar muito cuidado ao nos referimos ao QI de alguém como um traço real.

Desde a metade dos anos 80, especialistas procuram estender as definições e de inteligência. Howard Gardner em 1988 introduziu o conceito de Inteligências Múltiplas. Em suas observações ele constatou que uma lesão em determinada área cerebral pode diminuir um tipo de competência sem afetar outros. A partir de estudos com pessoas dotadas de competências excepcionais, Gardner afirmou que não temos uma, mas sim múltiplas inteligências. Além das aptidões matemáticas e verbais, temos aptidões para a execução musical, para analise espacial, para o controle motor e para relações interpessoais.

Em 1998 Robert Sternberg concorde das idéias de Gardner, distinguiu três aspectos da inteligência: Inteligência Analítica, que seria a capacidade para resolução de problemas acadêmicos; Inteligência Criativa, que seria a capacidade adaptativa a novas situações e a Inteligência Prática que é necessária para as tarefas quotidianas. Os testes de inteligência tradicionalmente conhecidos avaliam inteligência analítica, que prediz bem o desempenho escolar de um individuo, porém não tem o mesmo valor para a predição de sucesso vocacional. Nas próximas postagens entenderemos porque os testes de inteligência estão historicamente ligados a mensurar habilidades acadêmicas.
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Referências:

Myers D. Psicologia. Holland, Michigan. LTC.,2006. p. 308-310
Primi R. Inteligência: Avanços nos modelos teóricos e nos instrumento de medida. Avaliação Psicológica, 2003,1,pp. 66-77