quinta-feira, 21 de maio de 2009

Fatores Ambientais e Culturais no Desenvolvimento Neuropsicológico


As funções neuropsicológicas (atenção, memória, linguagem, inteligência, funções executivas e outras), se desenvolvem na dependência de vários fatores. O desenvolvimento se dá através de uma interação contínua das experiências sociais e ambientais. Vamos identificar a seguir os principais fatores envolvidos e suas influencias nesse processo.

A emoção é um importante fator de influência, pois o desenvolvimento do organismo é extremamente vulnerável ao ambiente. A interação entre o cérebro e o comportamento pode ser completamente alterada de acordo com as experiências emocionais iniciais da criança. No período neonatal as sensações (ex: Fome) ativam vias neurais específicas com sua respectivas associações límbicas que por sua vez modulam o humor e a emoção. Esses padrões de atividade neural forneceram a base para o desenvolvimento psicológico da criança, o funcionamento do organismo tem uma importante implicação nas respostas emocionais.

A cultura é um importante fator motivacional do comportamento humano. Por cultura se entende o comportamento aprendido que pode ser atribuído a experiências de socialização de uma sociedade, a totalidade de idéias e costumes no qual cada pessoa nasce e cresce. Assim ela descreve aquilo que será aprendido e em que idade será aprendido, modulando assim o perfil do desenvolvimento das habilidades cognitivas. Em algumas culturas determinadas habilidades, com leitura, escrita e outras podem ser menos valorizadas. Observa-se, por exemplo, em crianças africanas um desenvolvimento motor precoce comparando com crianças européias. Os fatores culturais alteram o desenvolvimento do cérebro, que reflete e é influenciado por estes, por exemplo, o desenvolvimento das funções cognitivas superiores é ativado no processo de interação social da criança que pode se dar de forma distinta em diferentes culturas.

Outro fator que afeta o desempenho cognitivo é o nível socioeconômico. Este se refere a fatores como: condições nutricionais, escolaridade, quantidade e qualidade de estímulos, cuidados médicos, estilos de interação familiar, condições de habitações e outros. Todos estes fatores manifestam-se na integridade do sistema nervoso, e também no desempenho neuropsicológico.

A compreensão do desempenho neuropsicológico aumenta à medida que o inserimos dentro dos sistemas psicossociais e emocionais. Sendo assim o diagnóstico permitirá compreender não só o sintoma, mas a inserção do sintoma nos vários níveis de articulação com o ambiente.
Referência:
Miranda, M.C.; Muszkat, M. Neuropsicologia do Desenvolvimento. In:Andrade, V.M.; Santos, F.H. dos e Bueno, O.F.A. Neuropsicologia Hoje.São Paulo: Artes Médicas, 2004.

sábado, 9 de maio de 2009

A neuropsicologia do desenvolvimento, uma perspectiva maturacional.


A neuropsicologia do desenvolvimento é a ciência que estuda as relações entre o cérebro e o desenvolvimento infantil. Seus conhecimentos se baseiam principalmente nas avaliações qualitativas (entrevistas, testes neuropsicológicos, questionários e outros).

A neuropsicologia adota uma perspectiva evolutiva maturacional, na qual as expressões clínicas das disfunções neuropsicológicas têm influência de fatores genéticos, crescimento neural, mielinização e fatores relacionados à topografia das lesões. O desenvolvimento e a estrutura das atividades mental não permanecem inalteráveis.

No recém-nascido, as estruturas cerebrais do sistema nervoso central mais envolvidas nos padrões comportamentais estão localizadas nas estruturas sub-corticais. À medida que a criança avança no desenvolvimento (3° mês de vida), sobrepõem-se padrões mais organizados de atividade motora, assim o padrão de reflexo dá lugar a uma movimentação mais dirigida, principalmente dos membros superiores. Também nesse momento passa a ocorrer uma maior integração das áreas sensórias e motoras e o início da intencionalidade do gesto, que está fortemente relacionado com o desenvolvimento de áreas associativas do córtex frontal. A partir do sexto mês de vida, acontece um grande desenvolvimento das áreas motoras corticais e uma maior integração entre os estímulos visuais, auditivos e somestésicos.
No terceiro ano de vida a percepção visual da criança começa a se mostrar melhor, a partir dos quatro anos de vida já pode identificar algumas figuras geométricas abstratas, mas alguns erros podem persistir até o sétimo ano. No 6° e 7° ano de vida acontece um maior desenvolvimento das noções de lateralidade, que está relacionado a um grande desenvolvimento das áreas associativas especificas e das conexões inter-hemisféricas. No décimo ano de vida, as funções simbólicas passam a predominar sobre as funções motoras e o pensamento abstrato torna-se independente de uma experiência concreta.
Referência:
Miranda, M.C.; Muszkat, M. Neuropsicologia do Desenvolvimento. In:
Andrade, V.M.; Santos, F.H. dos e Bueno, O.F.A. Neuropsicologia Hoje.
São Paulo: Artes Médicas, 2004.